O gap entre homens e mulheres na inserção na educação e no mercado de trabalho é bastante grande em todo o mundo. É o que indica o relatório Global Gender Gap Report 2016, do Fórum Econômico Mundial. Além disso, há também pouca participação feminina em atividades de inovação, ciência e tecnologia. Movida por esse contexto, a pesquisadora e professora Dra. Fernanda Reichert coordena um projeto de pesquisa chamado Mulheres e Inovação, cujo objetivo geral é contribuir com o aumento da representatividade das mulheres em atividades inovativas, principalmente no Brasil.
A pesquisadora é especialista em inovação e conta que a ideia do projeto surgiu quando esteve em licença maternidade: “me aproximei de um grupo chamado Parent in Science aqui da UFRGS, que discute o impacto da maternidade na carreira acadêmica. Por conta disso, resolvi me aprofundar no papel das mulheres em termos de inovação nas empresas”. A professora Fernanda comenta que, na academia há uma menor permanência de mulheres em cursos de pós-graduação, além da menor expressividade na liderança de grupos de pesquisa. Da mesma forma, a defasagem salarial ainda é uma realidade no contexto empresarial, assim como a menor presença de mulheres em cargos de liderança nessas organizações.
Mulheres na tecnologia
Uma pesquisa realizada no Reino Unido sobre a participação das mulheres na inovação exibe a baixa presença feminina em cargos originalmente “masculinizados”, principalmente tratando-se de profissionais de engenharia (91% desses cargos são ocupados por homens). Esse relatório também exibe a diferença entre gêneros ao ocupar cargos de T.I. (82% são homens e 18% mulheres), assim como gerentes de P&D (apenas 40% são mulheres). Fica evidente o fato de que as áreas de tecnologia e inovação das empresas ainda são predominantemente ocupadas por homens e que há a necessidade de realizar ações para mudar essa realidade.
Próximos passos da pesquisa
A pesquisa Mulheres e Inovação conta com a participação de alunas de mestrado e de iniciação científica, bem como algumas pesquisadoras voluntárias. São duas abordagens: a atuação das mulheres e seu envolvimento nas atividades de inovação no contexto acadêmico, pois a maioria das pesquisas científicas realizadas no Brasil acontecem no ambiente da Universidade; e investigar o papel das mulheres nas atividades de inovação também no contexto das empresas. Fernanda Reichert acrescenta: “sabemos que a diversidade nas equipes têm impacto positivo no desempenho de uma organização. É por isso que vamos entrevistar mulheres em cargos de liderança e envolvidas em atividades de inovação nas empresas. Esperamos que em termos de inovação o impacto também seja positivo, pois desse modo temos mais pontos de vista, estimulando a criatividade e a troca de ideias”.
O projeto ainda está em andamento e as futuras ações compreendem entrevistas sobre o impacto da maternidade na carreira além da organização do próximo simpósio “Maternidade & Ciência”, em parceria com o Parent in Science. O projeto de pesquisa conta também com um perfil no Instagram cujo objetivo é facilitar a comunicação por meio de uma linguagem mais informal e de fácil acesso ao público em geral.