A firma é um agente econômico complexo. Este agente tem sido estudado através de diferentes teorias da firma. Enquanto alguns trabalhos destacaram a sua natureza tecnológica, outros enfatizaram a sua natureza transacional. Contudo, a natureza da firma abrange ambas as dimensões. Essas duas dimensões podem ser estudadas por meio de duas capacidades essenciais: a tecnológica e a transacional. O objetivo da presente tese é o de descrever como a combinação entre a capacidade tecnológica e a capacidade transacional geram os ativos específicos para que a firma alcance um desempenho superior ao de suas concorrentes. Para cumprir com esse objetivo, foi elaborado um modelo baseado em quatro pressupostos teóricos: as capacidades são heterogêneas; há uma trajetória transacional além da trajetória tecnológica; as capacidades não são transacionáveis e as capacidades antecedem os ativos específicos. O modelo também é composto por quatro construtos: capacidade tecnológica; capacidade transacional; ativos específicos; e desempenho. O método para testar esse modelo foi descritivo, utilizando-se como técnica para coleta de dados a survey. O objeto de estudo escolhido foi o do setor metal-mecânico do Rio Grande do Sul. Três dos resultados obtidos são os seguintes: (1) a relação entre as capacidades essenciais (tecnológica e transacional) e os ativos específicos é positiva e elevada, o que indica a grande ligação entre esses dois construtos; (2) a relação entre os ativos específicos e o desempenho da firma é maior do que a relação entre as capacidades essenciais e os ativos específicos; (3) a relação da combinação das capacidades essenciais e dos ativos específicos com o desempenho da firma é maior do que a relação entre o desempenho da firma e algum destes construtos, quando estas relações são analisadas de maneira isolada. As implicações teóricas desses resultados confirmam que a firma tem uma natureza tecnológico-transacional. Além disso, os estudos a respeito do desempenho da firma não mais deveriam dedicar-se somente a analisar suas capacidades; antes, deveriam abranger os ativos específicos, como elemento complementar. Finalmente, o fato de confirmar a existência de uma capacidade transacional como elemento-chave da natureza da firma abre uma nova possibilidade para se avançar rumo ao que, nesta tese, se denomina: Paradigma transacional.
Autor: Tello Gamarra, Jorge Estuardo
Orientador: Zawislak, Paulo Antonio
Nível: Doutorado
Trabalho completo: http://hdl.handle.net/10183/72135