Startups surgem com o intuito de explorar comercialmente uma ideia de potencial inovador. Para isso, necessitam de um conjunto de capacidades técnicas e de negócios, alocando recursos de modo eficiente para obter um produto com valor de mercado. Elas necessitam, portanto, tornar-se firmas e executar um modelo de negócios. Nesse processo, muitas startups fracassam, enquanto outras atingem um bom desempenho e conseguem realizar a oferta pública de ações (IPO), ou mesmo vender o negócio. Torna-se crucial, então, identificar quais são os conjuntos de capacidades necessários para o sucesso e a sobrevivência das startups. Enquanto firmas possuem diferentes arranjos de quatro capacidades de inovação, nomeadamente as capacidades de desenvolvimento, de operação, de gestão e de transação, o assunto ainda é pouco investigado em startups. Isso posto, este estudo tem por objetivo identificar como se configuram as capacidades de inovação em startups. Para alcançar esse objetivo foi realizado um estudo exploratório de abordagem qualitativa no Vale do Silício, no qual foram entrevistadas 11 startups de base tecnológica e 7 profissionais com conhecimentos na área. O estudo evidenciou que startups não possuem as quatro capacidades de inovação, mas necessitam desenvolvê-las a fim de comercializar um bem/serviço no mercado, tornandose firmas. Enquanto as capacidades de desenvolvimento e a de transação são as primeiras a serem desenvolvidas (sendo as mais desenvolvidas), as capacidades de operação e de gestão necessitam ser desenvolvidas à medida que o negócio se expande. O aprendizado por startups também foi identificado como relevante para a construção das capacidades de inovação, processo no qual o rico ecossistema do Vale do Silício desempenha um papel fundamental. Embora esse ecossistema seja importante, a seleção e aplicação dos conhecimentos externos na construção de tais capacidades é uma tarefa que cabe apenas à startup. Evidenciaram-se também os diferentes arranjos de capacidades que podem levar à venda, transformação em firma e fracasso das startups. A principal contribuição teórica do presente estudo foi avaliar, em um único estudo, não apenas capacidades de cunho tecnológico, mas também operacionais, gerenciais e transacionais em startups, destacando sua importância para o sucesso do negócio. Uma segunda contribuição está em evidenciar, por meio da perspectiva da firma, que conhecimentos amplamente disponíveis no ecossistema podem ser irrelevantes para a startup se não forem aplicados adequadamente no desenvolvimento das capacidades. Como contribuição gerencial evidencia-se a necessidade de avaliar o desempenho da startup por meio de métricas, não negligenciando a importância da gestão. Às instituições governamentais sugere-se uma maior ênfase na cobrança de resultados das startups.
Autor: Dullius, Andréia Cristina
Orientador: Zawislak, Paulo Antonio
Nível: Mestrado
Trabalho completo: http://hdl.handle.net/10183/143320