No século XXI, torna-se cada vez mais difícil gerar riqueza sem considerar a transformação socioeconômica ligada à revolução digital. Em um mundo mais interconectado, mais informado, altamente competitivo e com recursos cada vez mais escassos, o conhecimento e a criatividade são cada vez mais importantes para responder às mudanças e para a geração de valor.
A indústria criativa, o fenômeno das startups, os novos produtos ligados à internet (Internet das Coisas, Big Data, Inteligência Artificial), as novas fontes de energia renovável, o consumo pautado pelo compartilhamento e pela sustentabilidade desenham um novo paradigma para a dinâmica socioeconômica. Ao mesmo tempo que novos negócios nunca antes imaginados passam a ser possíveis, segmentos tradicionais encontram nesse novo paradigma a oportunidade para se modernizar e adentrar o século XXI. Pessoas, empresas e instituições que não conseguirem se adaptar a esta nova realidade estarão fora do jogo – e a mesma lógica vale para o espaço no qual estes atores estão inseridos: a cidade.
Neste contexto, as cidades tornam-se cada vez mais importantes porque devem ser capazes de oferecer um padrão de qualidade de vida adequado e um ambiente propício para a inovação. Um de seus objetivos é permitir a evolução das atividades já estabelecidas e atrair e fomentar a criação de novos negócios baseados em conhecimento e na transformação digital. Ao mesmo tempo, elas devem oferecer melhores condições de vida, ou seja, oferecer melhores oportunidades de emprego, bons lugares para morar e boas opções de lazer e entretenimento.
A economia baseada em conhecimento depende das condições disponíveis nas cidades para atrair e reter os cérebros capazes de gerar riqueza e, então, atingir o desenvolvimento socioeconômico sustentável. No Brasil, por exemplo, o desafio está, justamente, na transformação de cidades degradadas, que apresentam problemas endêmicos como a violência, a desigualdade, a exclusão social, o desemprego e o pouco potencial de geração de riqueza em cidades capazes de se adaptar à economia do conhecimento e à transformação digital.
A única alternativa para sair desse tipo de crise depende de as cidades se tornarem mais sustentáveis, colaborativas, digitais, integradas, com boas soluções de mobilidade, apresentarem infraestrutura adequada e serviços públicos eficientes. Diferentes iniciativas e projetos de revitalização urbana e reconversão econômica vem ocorrendo em escala mundial ao longo dos últimos anos e isso impulsiona a competição entre as cidades para atração de recursos humanos qualificados e investimentos. Portanto, as cidades que se destacam são aquelas que, tendo superado sua crise de forma mais rápida e eficiente, apresentam condições para atrair talentos geradores de negócios de valor. Essas são as cidades inteligentes (“Smart Cities”).
O que é necessário para converter cidades tradicionais em Smart Cities?
Cada cidade terá um processo único para tornar-se uma cidade inteligente. Não é possível simplesmente replicar projetos baseados em casos referência, sem considerar as especificidades de cada local. Acima de tudo, é fundamental identificar o potencial de conhecimento da região, caracterizado pelo perfil das universidades, instituições e centros de tecnologia. Esses são elementos fundamentais para desenvolver as atividades geradoras de riqueza no século XXI.
No entanto, para que não se fique esperando uma geração espontânea da “nova economia” sobre a “velha economia”, é fundamental pensar, racionalizar, planejar e acompanhar o processo de revitalização da cidade. A reconversão econômica da cidade a insere na competição internacional por investimentos.
Esse esforço realizado de forma integrada entre o setor público, o setor privado e as universidades (Hélice Tripla) possui um poder de transformação. Potencial de geração de inúmeros negócios, atração de investimentos nacionais e internacionais, geração de empregos e aumento do nível de qualidade de vida da população, são algumas das consequências positivas do movimento no sentido da conversão em cidade inteligente.