Maternidade e ciência: professora Fernanda Reichert assina carta na revista Science sobre impacto da Covid-19

Durante a quarentena, o Parent in Science vem coletando dados para identificar o impacto da pandemia na produtividade dos cientistas brasileiros. Imagem: Pixabay

A pesquisadora do NITEC e professora da Escola de Administração da UFRGS Fernanda Reichert é coautora de uma carta publicada na Science, uma das revistas acadêmicas mais prestigiadas do mundo. A carta é assinada por integrantes do Parent in Science e consta na edição de maio da revista. O objetivo do texto é alertar para o impacto da Covid-19 em mães acadêmicas. A carta também sugere medidas para reduzir a desigualdade de gênero no meio científico.

A partir de relatos diversos, surgiu no grupo, formado por cientistas mães e um pai, a inquietação de compreender as questões ligadas ao cenário inédito decorrente da pandemia e que está mudando o jeito de viver e trabalhar da comunidade científica. Afinal, o isolamento social ajuda ou atrapalha a produtividade dos pesquisadores? De acordo com a pesquisadora Fernanda Reichert, há impacto, sim, principalmente para quem tem filhos e ainda mais para as mães. “A produtividade costuma ser associada à publicação de artigos em periódicos. Mas a carreira científica envolve outras atividades, desde responder e-mails até atender ao prazo de editais. Essas atividades são prejudicadas quando a pesquisadora precisa incluir no seu tempo o cuidado com os filhos. O prejuízo significa lacunas no currículo, que, muitas vezes, implicam na dificuldade de conseguir financiamento para um projeto, o que acaba ocasionando em menos publicações”, explica Fernanda.

Durante o período de quarentena, o Parent in Science vem coletando dados por meio de uma pesquisa para identificar o impacto da pandemia do novo coronavírus na produtividade dos cientistas brasileiros. A pesquisa tem como público-alvo alunos de pós-graduação, pós-doutorandos e docentes (com ou sem filhos). O grupo pretende publicar um artigo com os dados obtidos.

Parent in Science

O grupo foi fundado em 2016, pela professora Fernanda Staniscuaski, do Departamento de Biologia Molecular e Biotecnologia da UFRGS, junto com outros colegas e tem a proposta de fundamentar o desenvolvimento de ações e políticas de apoio que levem em consideração a questão da maternidade na ciência. Atualmente, participam pesquisadores de diferentes estados do Brasil.