Produtos premium: por que eles são importantes no agronegócio?

O agronegócio é uma importante atividade para a economia brasileira. Ele corresponde a 23,5% do Produto Interno Brunto (PIB) do país, sendo essa proporção ainda maior ao considerar apenas o Rio Grande do Sul. Porém, a produção agrícola do estado possui uma forte tradição em commodities, produtos que exigem produção em larga escala. E os pequenos produtores, como podem incrementar seus ganhos? A partir da agregação de valor em seus produtos. 

Vender produtos com maior valor agregado gera aumento de riqueza social e econômica, bem como o aumento do PIB e diminuição da desigualdade social. Mas para isso é preciso descobrir como desenvolver produtos que sejam considerados “premium”. “Produtos premium” possuem alta qualidade e, também, são reconhecidos pelo mercado como tal.

Considerando esses aspectos e com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento econômico gaúcho, o NITEC desenvolve projetos de pesquisa abordando produtos premium. O grupo de pesquisa já desenvolveu um projeto focado em Alimentos Premium, além de possuir um edital de grupos de excelência (Fapergs/CNPq) que busca os caminhos da inovação no agronegócio, bem como uma pesquisa de pós-doutorado (CNPq) focada nos produtos premium do agronegócio. O objetivo principal do projeto “Agregação de Valor em Produtos do Agronegócio” é identificar as características de inovação no desenvolvimento de produtos premium e de que forma essas agregam valor.

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Denise Barbieux é pós-doutoranda no NITEC e a responsável pela pesquisa. Ela comenta que o observado até agora no setor de bebidas premium, é que “a agregação de valor não se dá pelo produto em si. Não basta denominá-lo de premium. É importante controlar o insumo, o processo e a comercialização final. A transformação em produto premium não ocorre apenas no processo industrial. As empresas devem plantar e controlar a sua plantação para ter um produto final com alto valor agregado”.

Durante a fase inicial da pesquisa foram realizadas visitas cachaçarias, cervejarias e vinícolas. Em geral, há a ideia de que o segmento de cachaças no estado, por exemplo, seja informal por ser pequeno, porém a pesquisa demonstra que é organizado e coeso, tendo assim um bom potencial de desenvolvimento no Rio Grande do Sul. Além disso, a pesquisa identificou que os equipamentos usados nesse segmento são trocados regularmente, o que não acontece em outros setores de atividade econômica, principalmente na grande indústria. Segundo Denise “isso é um bom sinal, pois a renovação regular de equipamentos demonstra controle no processo, aumentando as possibilidades de gerar valor agregado”. 

O setor de bebidas premium visitado até agora é caracterizado por possuir os elos da cadeia (insumo/beneficiamento/comercialização) realizados, em geral, pela mesma empresa. O próximo passo da pesquisa será analisar como ocorre a agregação de valor nos casos em que o insumo e o beneficiamento não dependem de uma empresa só, como é o caso da carne. Denise explica que “no setor de bebidas fica mais fácil de controlar a qualidade do insumo, pois toda a cadeia está na mesma empresa. Porém, em determinados setores ou segmentos, o insumo vem de outro lugar e não da empresa que está beneficiando e vendendo, como é o caso da carne premium”.

O projeto de pesquisa enfatiza a agregação de valor como uma alternativa de desenvolvimento econômico no agronegócio para produção de baixa escala. Além disso, deixa claro que desenvolver um produto premium no agro vai além de apenas escolher uma variedade rara de determinada espécie sobre o qual há poucos concorrentes no mercado. É preciso controlar insumos e solo, implementar novas técnicas de cultivo, manter o controle no beneficiamento e estabelecer nichos de mercado consumidores para comercializar. São características ligadas a essas etapas que farão o produto final possuir maior valor agregado, gerando prosperidade para todo o Rio Grande do Sul e, até mesmo, para o Brasil.