Uma das etapas da revisão é consultar a população e identificar demandas e as potencialidades do município gaúcho.
O Núcleo de Estudos em Inovação (NITEC) está desenvolvendo um relatório para a atividade de Revisão do Plano Diretor de Xangri-lá, município do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. O relatório tem como base seis oficinas, realizadas em dezembro de 2019, que identificaram os principais problemas da cidade e as ações que poderiam ser feitas para solucioná-los. Esse trabalho de assessoria técnica está sendo desenvolvido a convite do Núcleo de Tecnologia Urbana (NTU) da Faculdade de Arquitetura, coordenado pelo professor Benamy Turkienicz. A UFRGS e o Município de Xangri-Lá assinaram um convênio para desenvolver a revisão do Plano Diretor do município e a última etapa do projeto, na qual são organizados os dados coletados, será concluída até o mês de junho de 2020.
Coordenador do NITEC, Paulo Zawislak (à esquerda), observa a etapa da dinâmica em uma das oficinas.
Segundo o relatório, a sazonalidade é um dos principais desafios para Xangri-lá e isso tem reflexos na estrutura da cidade como um todo, tanto na infraestrutura quanto na estrutura socioeconômica. “O que tem movimentado a região é a construção civil, por conta do condomínios. A tendência é esse crescimento diminuir nos próximos anos por causa das limitações de espaço. É necessário pensar alternativas para diversificar a economia e viabilizar um desenvolvimento sustentável e de longo prazo na cidade. Para que isso aconteça, o foco é capacitar as pessoas e incentivar o empreendedorismo”, explica o pesquisador do NITEC Guilherme Camboim, que trabalha com o assunto Urban Innovation Ecosystems. “A gente está trazendo conceitos dessa grande temática, mas, antes de se tornar inteligente, a cidade precisa resolver problemas de condições básicas, como o saneamento, para pensar em outras alternativas mais ligadas às demandas do século XXI”.
Oficinas identificam problemas e soluções urbanas de Xangri-lá
O NITEC promoveu seis workshops, entre os dias cinco e 21 de dezembro de 2019, no município de Xangri-lá. Três oficinas foram temáticas e contaram com a participação de entidades específicas, como conselhos municipais, entidades técnicas e sociedade civil. O objetivo desse segmento foi analisar de forma ampla os problemas da cidade. A outra metade das oficinas foram territoriais, ou seja, focadas em regiões específicas da cidade, como os bairros Guará e Figueirinha. No total, cerca de 240 pessoas participaram das dinâmicas.
Para cada oficina, os pesquisadores utilizaram uma metodologia própria desenvolvida pelo NITEC que já foi aplicada em projetos para outros municípios (como Porto Alegre e Três Coroas) e setores econômicos (como o setor de pesca brasileiro). A abertura foi realizada por um representante da prefeitura e, em seguida, o professor Benamy Turkienicz apresentou a parte técnica mostrando um diagnóstico preliminar de como é a cidade em termos ambientais e urbanísticos. Depois, o coordenador do NITEC, Paulo Zawislak, abordou a questão socioeconômica relativa ao espaço urbano.
Durante a primeira etapa da dinâmica, os participantes foram reunidos em pequenos grupos. Os pesquisadores distribuíram fichas alusivas a diferentes dimensões (econômica, sociocultural etc.) para que os participantes escrevessem problemas do município em cada uma das fichas. Depois, as fichas foram fixadas em um quadro. “Em conjunto, tentamos entender o que cada item que havia sido escrito representava”, explica Guilherme Camboim.
Após um intervalo, foi realizada a segunda etapa da dinâmica, na qual os participantes formaram novos grupos e discutiram soluções para cada um dos problemas identificados. Em seguida, as soluções foram elencadas em ordem de prioridade e colocadas em uma linha do tempo. “No final da oficina, a gente tinha no quadro um plano de ação de longo prazo para a cidade, tanto na parte dos problemas, quanto nas soluções. Estamos incluindo todas essas informações em um relatório que será incorporado ao documento final referente à revisão do plano diretor”, relata o pesquisador.